"O Perfume - História de um assassino" de Patrick Süskind
Quando comprei o meu televisor LCD, o primeiro filme que vi foi o filme adaptado deste romance. Tem imagens chocantes, é verdade, mas tem também imagens maravilhosas des campos floridos e verdejantes, de serras e vales quando Jean-Baptiste Grenouille viaja atravésda França e logo decidi que iria ler o livro logo que possível. A história passa-se no séc. XVIII e o autor consegue reconstruir muito bem o ambiente histórico e social da altura. O protagonista tem um dom invulgar, um olfacto mais apurado do que qualquer pessoa e através desse olfacto que contacta com o mundo. Assim torna-se perfumista e persegue o sonho de criar o melhor perfume do mundo, um perfume que contenha a essência da Beleza. Grenouille é completamente amoral, foi criado sem amor, a mãetentou matá-lo à nascença pelo que foi presa e condenada à morte. Ele é uma criança estranha e vai crescendo sempre como um estranho, tem uma particularidade, não exala aroma nenhum o que o torna praticamente invisível aos outros. O seu sonho leva-o a cometer crimes hediondos mas a sua pureza, como se fosse uma eterna criança, fascina-nos. As descrições das perfumarias, as técnicas de execução dos perfumes, a viagem são maravilhosas e transportam-nos para aquela altura da História.
"Baldini se encontrava ainda a manipular os candelabros pousados na mesa; Grenouille já tinha deslizado até aos recantos sombrios do atelier, onde se localizavam as prateleiras a abarrotar de essências,óleos e extractos preciosos, delas seleccionando os frascos que precisava, guiado pelo seu faro infalível. Eram nove ao todo: essência de flor de laranjeira, óleo de lima, óleos de cravo e de rosa, extractos de jasmim, de bergamota e de rosmaninho, tintura de almíscar e de bálsamo de estoraque. Apressou-se a retirá-los das prateleiras e a dispô-los na beira da mesa. A terminar, arrastou até aos pés da mesa um garrafão com espírito de álcool altamente concentrado. Foi colocar-se depois atrás de Baldini que ainda continuava a dispor os instrumentos com uma minúcia pedante, deslocando ao de leve um instrumento aqui, outro mais adiante, a fim de que tudo apresentasse segundo o bom e velho método tradicional e ressaltasse ante a luz dos candelabros. Esperou, trémulo de impaciência, que o velho saísse de onde estava e lhe desse lugar."
E hoje, Dia Internacional do Livro, peguem num livro e abandonem-se à fantasia e ao sonho. Boas leituras...
Post publicado, originalmente, no blogue É possível ser feliz...