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Clube de leitura

Porque ler é um prazer que deve ser partilhado

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Porque ler é um prazer que deve ser partilhado

TRAVESSURAS DE MENINA MÁ

30.01.11, Existe um Olhar

 

Se alguma dúvida tivesse sobre a genialidade da escrita do prémio Nobel da literatura 2010, com a leitura deste segundo livro dele Travessuras de Menina Má, ela desfazer-se-ia de imediato.

É um livro que nos prende do princípio ao fim.

As personagens são caracterizadas de uma forma tão perfeita, que quase lhes imaginamos as feições.

Os lugares onde se passa toda esta saga de um amor turbulento (Peru, Madrid, Paris, Tóquio, Londres), levam-nos a viajar e a visulizar cada rua, cada café, cada local visitado, com um realismo e fidelidade fantásticas.

Na minha opinião este é um dos livros que daria um óptimo filme.

 

Sinopse

 

É a história de uma jovem peruana e suas peripécias, narrada por um jovem chamado Ricardo Somocurcio. Os dois se conheceram adolescentes, no bairro Miraflorino, de Lima, e ela desperta nele uma paixão avassaladora que apenas diminui com a morte dela. Ao longo da história a protagonista se descobre como um ser de baixas paixões primando pela ambição. Ainda assim, ela era a razão de viver de Ricardo, e sempre que ela voltava pra ele, era perdoada por tudo. A menina má, que na verdade se chamava Odília, era filha de uma cozinheira e de um homem chamado Arquimedes, cujo principal trabalho era marcar por instinto o lugar exato onde deveriam ser construídos esporões junto ao mar . Eles eram imigrantes e muito pobres. A vida de aventuras de Odília começa cedo, quando ela descobre que o que mais lhe interessava na vida era viver comodamente e usar seu corpo para conseguir isto. Ricardo reconstrói a vida da moça passo a passo, investigando suas diversas aventuras. A sua vida aventureira se inicia com Odília disfarçada de chilena, foi assim que ele a conheceu e se apaixonou. De outra vez em que ele a viu, estavam em Paris, e ela era a camarada Arlette. Os dois viveram um idílio até que ela segue para Cuba, seguindo um guerrilheiro. Depois ele fica sabendo que ela tornou-se amante de um Comandante da Guerrilha. O encontro seguinte é no escritório da Unesco, onde ele trabalha. Desta vez ela aparece elegantíssima e irreconhecível como Madame Robert Amoux, esposa de um diplomata francês que muito sofreu para tirá-la de La Habana. Logo depois se soube que ela havia fugido levando todos os bens do pobre francês. Mais tarde, num encontro com um amigo na Inglaterra, Ricardo tem nova pista de Odília, ao reconhecer ela numa foto. Desta vez, ela apresentava-se como Mrs. Richarson e encontraram-se por acaso numa recepção, e reataram o romance por quatro anos. Odília pede o divórcio pois dizia-se infeliz. Aí descobre-se que ela é bígama e, por isso, não teria direito a nada. Ela volta a desaparecer. Um amigo de Ricardo viaja a trabalho para Tóquio. Lá encontra Odília e avisa Ricardo. Ele viaja e a encontra, desta vez, como Kurika, amante de um poderoso senhor japonês, Fukuda, um homem que muito a humilhou, lhe transmitiu várias doenças sexuais e, por fim, a abandonou. Ricardo consegue curá-la das doenças físicas, mas sua mente continuava enferma. Após ele tentar suicidar-se, ela aceita se casar com ele. Porém, ela o abandona novamente e ele conhece Marcella, uma italiana, e vive com ela algum tempo na Espanha. Depois de um tempo, ele reencontra Odília, e vão viver juntos no sul da França. E ali vivem os últimos 37 dias de Odília. Ela deixa para Ricardo a casa na França e recursos com os quais ele poderia viver. A menina má morre muito magra, definhada pelas enfermidades

 

O Último Catão de Matilde Asenci

14.01.11, Abigai

 

 

Comprei este livro essencialmente pelo preço, estava baratíssimo, mas também por se tratar de um romance histórico, género que me agrada bastante.

Fiquei surpreendida.

Adorei.

Uma leitura empolgante, viciante. Uma aventura partilhada por três estranhos, de nacionalidade diferentes, e que pouco têm em comum. Juntos são chamados a desvendar uns misteriosos roubos de relíquias. Uma missão que vai levá-los a viver uma série de peripécias e provações com muita enigma à mistura.

Aconselho.

 

Sinopse
Uma apaixonante viagem pela história e pelos segredos mais bem guardados do cristianismo.

Sob o solo da Cidade do Vaticano, encerrada entre códices no seu gabinete do Arquivo Secreto, a irmã Ottavia Salina recebe o encargo de decifrar as estranhas tatuagens aparecidas no cadáver de um etíope: sete letras gregas e sete cruzes. Junto ao corpo foram encontrados três pedaços que tudo indica pertencerem à Vera Cruz, a verdadeira cruz de Cristo.
Acompanhada por um arqueólogo de Alexandria, e pelo capitão da Guarda Suiça vaticana a protagonista deverá descobrir quem está por detrás do misterioso desaparecimento das relíquias nas igrejas de todo o mundo...

 

 

Caim, José Saramago

01.01.11, Jorge Soares

José Saramago, Caim

 

A Distancia não permitia a Caim perceber a violência do furacão soprado pela boca do senhor nem o estrondo dos muros desabando uns após outros, os pilares, as arcadas, as abóbadas, os contrafortes, por isso a torre parecia desmoronar-se em silêncio, como um castelo de cartas, até que tudo acabou numa enorme nuvem de poeira que subia para o céu e não deixava ver o sol. Muitos anos depois se dirá que caiu ali um meteorito, um corpo celeste dos muitos que vagueiam pelo espaço, mas não é verdade, foi a torre de babel, que o orgulho do senhor não consentiu que terminássemos. A História dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele.

 

José Saramago em Caim.

 

À falta de melhor, hoje na RTP as noticias sobre o Haiti durante longos minutos versaram o religioso, primeiro a missa ao lado do que resta da catedral, depois a visita a um sacerdote Vudú, uma festa evangélica com muita gente e de novo as pessoas na Catedral...  O José Rodrigues dos Santos ficou de certeza com tema para mais um ou dois dos seus livros.

 

Estava a ouvir as pessoas e não pude deixar de dar por mim a pensar em Saramago e no Caim que estou a ler, e não pude deixar de me lembrar de algumas passagens que já li. Quando escrevi o primeiro post sobre a tragédia que assolou este país que há muito tinha sido esquecido pelo mundo, houve uma frase que decidi retirar mesmo antes de carregar em Publicar, a frase dizia:

 

-Se duvidas houvesse, está visto que deus não existe!

 

Retirei a frase porque na verdade a mim não me restam dúvidas e era de ajuda que queria falar naquele dia.

 

A verdade é que se juntarmos a tragédia às palavras sobre deus que ouvi hoje na reportagem, tudo isto podia ser mais um capitulo do livro de Saramago, com José Rodrigues dos Santos no papel de Caim. Porque o livro é assim, um conjunto de reportagens  sobre os principais capítulos da bíblia, sobre deus, o homem e a relação entre ambos, uma relação feita de provas, desafios, prémios e castigos....   nada que não tivéssemos visto todos na bíblia,  mas raramente com olhos de ver.

 

Este é um livro bem escrito, eu não sou grande fã da escrita do Saramago, mas reconheço que este é um excelente livro.

 

Quanto à  história, ou às várias historias, a mim que sou ateu não me dizem muito, há muito que olho para a bíblia como um enorme guião para filmes de Hollywood, para quem acredita, talvez deveria ser um livro a ler com alguma atenção, há sempre outras formas de interpretar o livro que para muitos é sagrado.... esta é tão ou mais válida que outra qualquer.

 

Em suma, um bom livro, que a mim por vezes me fez sorrir pela clareza das conclusões, um livro que polémicas à parte, vale cada cêntimo que pagamos por ele.

 

Jorge Soares

 

Post do Blog: O que é o Jantar