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Clube de leitura

Porque ler é um prazer que deve ser partilhado

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23.02.12, Charneca em flor

Já se sabe que quando um livro é adaptado para cinema há sempre alguma coisa que se perde. Obviamente que adaptação não quer dizer que o filme tenha de ser exactamente igual ao livro. A história escrita é sempre mais rica de pormenores do que um filme até porque o que resulta escrito pode não resultar em cinema. A mim acontece-me, como à maioria das pessoas que gostam de livros provavelmente, nunca gostar dos filmes que resultam de livros que eu já li. Uma coisa é aquilo que eu vejo, no livro, o que eu imagino e outra coisa é aquilo que o realizador e o argumentista viram naquela mesma obra. Então agora tenho feito o caminho ao contrário, se vir um filme que me marca de alguma maneira, vou à procura do livro que lhe deu origem. Sempre é uma maneira de conhecer melhor as personagens e a história. E foi isso que eu fiz depois de ter visto este "Os homens que odeiam as mulheres". Ainda não conhecia os livros e o filme foi uma oportunidade de tomar contacto com este autor sueco que morreu antes de publicar os seus livros (uma trilogia da qual, este é o primeiro livro) e já não viu o sucesso e a loucura que as suas histórias desencadearam por todo o mundo. 

A história anda à volta da figura de um jornalista, Mikael Blomkvist, cuja vida profissional dá uma reviravolta depois da publicação de um artigo sobre um financeiro, da qual resulta um processo por difamação. Blomkvist é condenado a uma pena de prisão e ao pagamento de indemização. Ele decide afastar-se da revista onde trabalha e acaba por ir trabalhar para um velho industrial, Henrik Vanger. Este homem tinha estado muitos anos à frente de uma empresa familiar mas a sua vida foi ensombrada pelo estranho desaparecimento da sua sobrinha mais querida. Blomkvist vai trabalhar com Vanger, alegadamente, para escrever a biografia da família Vanger mas o verdadeiro motivo da sua presença junto de Vanger é descobrir o que aconteceu à sobrinha há quase 40 anos. Para deslindar esse mistério, ele acaba por contar com a ajuda de uma investigadora suigeneris, Lisbeth Salander. cujos métodos de trabalho não os mais ortodoxos. Ao longo da história são abordados tem como os crimes económicos e a violência contra as mulheres. Uma história densa, sombria e até sangrenta que nos surpreende a cada virar de página. 

Neste pequeno excerto, pode-se ler a resposta de uma das personagens a uma pergunta feita por Mikael Blomkvist:

 

"- Foi uma escolha que fiz. Podia discutir os aspectos morais e intelectuais daquilo que faço, podíamos falar a noite inteira, mas isso não mudaria nada. Tente ver as coisas da seguinte maneira: um ser humano é uma casca feita de pele que mantém as células, o sangue e os componentes químicos nos respectivos lugares. Muito poucos acabam nos livros de História. A maior parte das pessoas sucumbe e desaparece sem deixar rasto."

 

Post originalmente publicado aqui