Marina - Carlos Ruiz Zafón
Recentemente li a Marina. É daqueles livros que conseguem sobrepor-se ao tempo, roubam-no egoisticamente e impõem a sua história. É um livro pequeno.
Abundam por aí as histórias sobre a história. Aqui fica a minha sensação. A história lê-se no livro.
Em primeiro lugar, amei a forma como está escrito, as inúmeras frases que encarnam citações de lições de vida e inesperadamente nos fazem pensar. Para logo recomeçar a ler.
Em segundo lugar, a densidade da história dentro da história que afinal é a história que de que fala o livro. Achei as passagens para contar a história na terceira pessoa um pouco atabalhoadas, simples e demasiado fáceis com a vontade de começar a narrativa noutra personagem, em mais um capítulo.
Em terceiro lugar, gostei da trama da tragédia: da tragédia do amor do pai de Marina, da tragédia do amor da bela cantora, da loucura trágica e fantasiosa do inventor, do fim de algo que nunca chegou a existir que ligaria Óscar a Marina.
Pessoalmente acho que o livro tem uma fronteira muito próxima com uma fantasia de terror e sou pouco dada a historietas de fantasia, mas o peso da tragédia gótica prendeu-me.
E a forma de escrita diferencia claramente quem sabe escrever, das feministas que escrevem um palavrão em cada frase e vendem amontoados de páginas como livros fashion-treta-bestseller.
Foi uma agradável surpresa. De um escritor de verdade.